Jaime Nunes provoca indignação popular com discurso falacioso sobre custo de vida no Amapá
Por Richard Duarte
Jaime Nunes provoca indignação popular com discurso falacioso sobre custo de vida no Amapá
"Está tudo muito caro". A frase poderia resumir a constatação desalentada de uma dona de casa ao sair de qualquer supermercado ou loja de eletrodomésticos da área comercial de Macapá, ou nos bairros periféricos. Poderia ter sido pronunciada por um trabalhador, ou trabalhadora, por um empregado ou empregada de loja que recebe líquido todo mês menos de R$ 1 mil, portanto, inferior ao salário mínimo vigente de R$ 1,2 mil.
Mas a frase "Esta tudo muito caro" foi pronunciada pelo homem mais rico do Amapá. Um empresário que trata seus funcionários com descaso, nenhuma assistência social, sem plano de carreira, e pagando os salários mais baixos do mercado. O vice-governador Jaime Nunes é proprietário de lojas de eletrodomésticos, supermercados, monopoliza o transporte fluvial, por meio de balsas, que trazem para o Amapá mercadorias de primeira necessidade (gêneros alimentícios), além de controlar os principais postos de gasolina na capital amapaense.
A imensa fortuna de Jaime Nunes contrasta com a pobreza que devasta o Amapá. Seis meses atrás, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) divulgou pesquisa sobre o ranking da pobreza no país. O levantamento abrangeu o último trimestre de 2021 ao primeiro trimestre de 2022.
Em 2021, o Amapá tinha 51,4% da população pobre, enquanto o Maranhão liderava com 54,9%. Os cálculos foram feitos a partir de dados do IBGE, considerando a classificação de pobreza pelo Banco Mundial, de renda per capita de até US$ 5,50 por dia, ou cerca de R$ 450 por mês, com base na taxa de câmbio da paridade do poder de compra (critério que busca eliminar as diferenças de custo de vida, permitindo uma comparação entre países).
Como vice-governador, o empresário Jaime Nunes em nenhum implementou alguma medida para baratear o custo de vida no Estado. Ao contrário. Passou boa parte da gestão enfurnado em seu escritório, dirigindo suas empresas, e amealhando mais e mais dinheiro às custas da população carente. Também foi neste período que muitos amapaenses foram embora para outras regiões da federação em busca de oportunidades. "Infelizmente os nossos filhos, maridos, irmãos, sobrinhos, amigos estão indo embora de Macapá. Aqui os contratos em todos os órgãos são só para os amigos e nas grandes esferas como o TCE- AP são para os apadrinhados vitalícios", desabafou nas redes sociais, o padre Paulo.
Agora, como candidato ao governo do Amapá pelo PSD, atirou às favas o pouco escrúpulo que ainda lhe restava para defender causas próprias de quem nunca soube na vida o que é passar metade do mês contando moedas para não passar fome. "Está tudo muito caro", sim. Mas pode ser diferente a partir de 2023. Depende do eleitor amapaense mudar para um projeto que tenha, em primeiro lugar, o compromisso com o recurso público e um projeto para tirar o Amapá do fundo do poço, onde seus filhos não precisem sair do Estado por falta de oportunidades.