O Santo Furlan: Antônio Furlan levanta suspeitas e questiona integridade da investigação da Polícia Federal em Macapá

O Santo Furlan: Antônio Furlan levanta suspeitas e questiona integridade da investigação da Polícia Federal em Macapá

 

Por Redação 

 

Ainda em recuperação emocional, e profundamente abalado pelos efeitos da Operação Plattea, deflagrada em Macapá pela Polícia Federal na manhã de quinta-feira, 19 de setembro, o prefeito Antônio Furlan (MDB) distribuiu "Nota de Esclarecimento" em que lança graves suspeitas sobre a legalidade e propósito das diligências policiais na sede da Prefeitura de Macapá e as realizadas em sua casa. Segundo ele, "causa estranheza a ação da PF nesse momento, às vésperas da eleição municipal". Para experientes profissionais da imprensa amapaense consultados pelo portal, Furlan estaria insinuando, nas entrelinhas, que a ação policial foi motivada, e estimulada, por adversários políticos interessados em prejudicar sua campanha à releição. 

Conforme release divulgado pela PF, a operação foi realizada em conjunto com a Procuradoria Regional da República da 1ª Região para investigar indícios de fraude na execução da obra de urbanização e paisagismo na praça Jacy Barata, localizada na rua Binga Uchôa, centro de Macapá. Os policiais federais cumpriram dez mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região nos bairros Cabralzinho, Central, Laguinho e Jardim Marco Zero. 

Na "Nota de Esclarecimento" veiculada nas redes sociais e enviado às redações das mídias locais horas depois dos agentes federais diligenciarem na sede da Prefeitura de Macapá, Antônio Furlan também sugere que vinha "(...) acompanhando as investigações da Polícia Federal" desde as denúncias apresentadas pelo empresário Claudiano Monteiro de Oliveira, proprietário da C.M. de Oliveira & CIA Ltda, contra Cássio Cleidsen Rabelo Cruz, titular da SEMOB (Secretaria Municipal de Obra e Infraestrutura Urbana).

Contudo, a afirmação do prefeito macapaense parece bem contraditória. Se realmente estivesse inteirado (ou, se quisesse manter-se informado) demonstraria ter conhecimento das acusações formuladas por Monteiro de Oliveira no boletim de ocorrência n.º 70008/2023 registrado por volta das duas da tarde de 29 de setembro de 2023 no CIOSP/Pacoval (Centro Integrado de Operações em Segurança Pública do Pacoval).

Na ocasião, Claudiano de Oliveira fez graves acusações contra Cássio Cruz, afirmando, em depoimento ao delegado Francisco Assis Pereira da Silva, sobre o envolvimento de Cássio em mega esquema de corrupção montado nos porões da SEMOB.  

Mas, em vez de exonerar o secretário acusado formalmente pelas práticas ilícitas, Furlan o manteve no cargo com mais prestígio e maior poder de barganha. Logo, ao afirmar na nota de que é de seu "(...) total interesse [...] garantir a lisura dos atos públicos" está construindo uma narrativa falaciosa, segundo os jornalistas ouvidos pelo portal.  

Em outro trecho da nota, o prefeito informa, em tom peremptório, que ao saber das negociatas envolvendo a empresa e o seu secretário de Obra e Infraestrutura, agiu depressa para "rescindir o contrato" com a empresa, visando "resguardar o interesse público".

No entanto, o BO registrado por Monteiro de Oliveira no CIOSP/Pacoval contradiz essa afirmação. Conforme o empresário, seu contrato foi cancelado sem aviso para admissão de outra empreiteira, a Santa Rita Engenharia, de propriedade do empresário Rodrigo Queiroz Moreira. Para o delegado Francisco Assis, o dono da C.M. de Oliveira & CIA Ltda disse que sua exclusão da lista de prestadores de serviço da SEMOB foi resultado de acordo suspeito entre Rodrigo Moreira e Cássio Cruz por "um valor superior ao constante no meu contrato, com certeza, em decorrência de propina mais polpuda", disse Claudiano.

A situação de Antônio Furlan fica mais confusa porque na sexta-feira, 2 de agosto, o empresário reafirmou as denúncias feitas no CIOSP/Pacoval em audiência online presidida pelo juiz Diego Araújo, da 1ª Vara Criminal de Macapá. 

Durante a videoconferência, ele confirmou o que havia declarado ao delegado Francisco Assis: "Paguei cinco por cento do valor da obra a pessoa acima dele (Cássio Cruz)". Ou seja, para o magistrado, o empresário voltou a sugerir que o prefeito de Macapá estaria supostamente envolvido em corrupção, e que Cássio Cruz seria seu braço-direito no esquema.

Passaram-se quase 50 dias após essa denúncia e em nenhum momento o prefeito de Macapá agiu visando "resguardar o interesse público" exonerando Cássio Cruz. Pelo contrário, fortaleceu ainda mais o titular da SEMOB.