Ministério Público requer e juiz eleitoral determina mais 90 dias para conclusão das investigações de Caixa 2 de Furlan

Ministério Público requer e juiz eleitoral determina mais 90 dias para conclusão das investigações de Caixa 2 de Furlan

Por Redação 

 

O juiz eleitoral Diego Moura de Araújo atendeu pedido do Ministério Público e determinou a ampliação de 90 dias para a conclusão das investigações da Policia Federal que investiga denúncia de Caixa 2 na Campanha de 2020 do atual prefeito Antônio Furlan. 
A investigação, que tramita em segredo de Justiça, começou em 9 de novembro, a pedido do promotor eleitoral da 2ª ZE/AP, Ricardo Crispino Gomes.


Resumidamente, o MP informou que o “...então candidato a prefeito nas eleições de 2020, teria solicitado empréstimo de dinheiro ao Sr. Josué Soares Dantas para suprir determinadas necessidades políticas e de campanha eleitoral no pleito de 2020, não havendo qualquer menção dos referidos valores na prestação de contas”.
Em resposta ao documento, o juiz fez o seguinte despacho: “Diante da Manifestação apresentada pelo promotor eleitoral que se posicionou pela instauração de inquérito policial visando a colheita de outros elementos informativos a serem destinados à formação da opinio delicti, intime-se a Polícia Federal, via sistema PJE [Procuradoria Geral de Justiça], para que instaure inquérito visando apurar os fatos contidos neste feito, devendo a autoridade policial informar nestes autos, no prazo de 15 (quinze) dias, o número identificador do procedimento apuratório”
O que gerou a ação do Ministério Público Eleitoral consta no processo de execução de título extrajudicial Nº 0024731-96.2023.8.03.0001, onde o idoso Josué Sores Dantas, de 68 anos, acusava Furlan de um calote de R$ 491 mil. 
Os advogados do prefeito procuraram o exequente e foi juntado um acordo nos autos, extinguindo a execução. No entanto, o processo eleitoral, onde o acusador é o Ministério Público, prossegue com as investigações. 

Entenda o caso
Segundo os autos, os repasses do empréstimo foram feitos entre os meses de outubro e dezembro de 2020. A época coincide com o período eleitoral no qual Furlan foi eleito prefeito da capital amapaense.
Além do atual governante de Macapá, figuram como réus no processo de execução Antônio Cirilo Fernandes Borges, que foi candidato a prefeito e declarou apoio a Furlan no segundo turno, e Robson Marcos Gualberto do Carmo, que teria intermediado a negociação, segundo a versão de Josué Dantas. 
O processo detalha que o objetivo do empréstimo era suprir “necessidades políticas” de Cirilo e Furlan, que firmaram uma aliança vencedora das eleições.
“Tais valores [R$ 491 mil], foram solicitados e intermediados pelo Sr. Robson Gualberto e realizados entre os meses de outubro e dezembro de 2020, onde este assumiu em nome dos demais réus, que posteriormente faria a devolução do numerário emprestado, acrescido de juros e correção monetária no período máximo de 120 dias, ou seja, o valor seria devolvido em janeiro de 2021”, detalha o processo.

Para quem foi o dinheiro?
Segundo o processo, parte do empréstimo foi depositada em contas de pessoas e empresas indicadas pelas partes. O processo cita as empresas Adbras Comércio de Pedras Preciosas e Santa Tereza Transportes Corporativos. Já o restante foi entregue em espécie, com Nota Promissórias e Confissão de Dívida, assinada por Gualberto.

O início do problema
Tudo parecia em ordem até o fim do prazo estabelecido no acordo, quando veio a cobrança do valor emprestado. Foi aí, de acordo com os autos, que mudou a conversa. Segundo o credor, o intermediário responsável pelo empréstimo, Gualberto, quando cobrado, afirmou que a dívida seria paga diretamente pelo prefeito Antônio Furlan – àquela altura já empossado – com a participação de Antônio Cirilo, o que não ocorreu.
“E agora, todos tentam se esquivar do pagamento do compromisso assumido”, afirma Josué Dantas no processo.

Tentativas em vão
A dívida, que tinha a promessa de ser paga em 4 meses, está próxima de completar 4 anos. Desde então, a vítima, que reside em São Paulo, tem buscado reaver os valores.
O idoso informou à Justiça que procurou o prefeito em janeiro de 2021, tendo inclusive registros do encontro, mas não conseguiu receber. Sem solução durante todo o ano de 2021, Josué Dantas, já em 2022, a fim de economizar com viagens e em razão da pandemia resolveu permanecer no estado, para estar mais próximo dos devedores, na busca de um acordo para o débito. Mas, também não obteve sucesso.

Um homem doente
Atrás do pagamento da dívida, Josué Dantas passou a morar em Macapá. Mas a situação piorou ainda mais para ele, que no começo de 2023, foi diagnosticado com câncer e passou a precisar ainda mais dos recursos lhe devidos. Ele passou por cirurgia e agora precisa de todo suporte financeiro para completar o tratamento.
“Na condição de paciente sobrevivente de câncer, cirurgiado e necessitando muito desses valores que deram significativo desfalque em sua renda, continuou buscando de todas as maneiras receber o que lhe é devido, até agora sem sucesso”, diz a defesa no processo.