Ausência de Jaime Nunes em debate comprova desrespeito com a população amapaense
Por Richard Duarte
O candidato ao governo pelo PSD, empresário bolsonarista Jaime Nunes, faltou ao debate com os governamentáveis amapaenses promovida pelo programa Central das Eleições, apresentado pelos jornalistas Silvio Sousa, Seles Nafes e Humberto Moreira, e transmitido pela emissora de rádio 104,3.
O postulante ao Palácio do Setentrião, e vice-governador do Estado desde 2019, enviou nota com uma justificativa questionável. Conforme a assessoria dele, "Jaime não participaria do debate porque [no horário do programa estaria tratando de] questão jurídica relacionada a eleição para o cargo de senador".
Esta é outra manobra orquestrada pelos marqueteiros do social-democrata com efeitos reversos. As outras, a exemplo da peça de propaganda eleitoral com o candidato caminhando sobre pontes e alagados, locais nunca visitados por ele, e a invasão ao Hospital de Emergência para gravar vídeo de propaganda eleitoral sem autorização judicial, resultaram altamente negativas para ele.
Na verdade, segundo especialistas em campanhas eleitorais, a estratégia visa evitar que o entrevistado passe por constrangimentos ao expor sua inexperiência política e as fragilidades de seu plano de governo.
"A candidatura do Jaime Nunes enfrenta dificuldades por carecer de identidade própria. Desde o início, ele tente se encaixar em segmentos mais populares, mas esbarra em sua própria trajetória enquanto empresário com negócios espalhados por todo o Estado. É um homem rico tentando parecer popular sem que nunca tenha visitado uma baixada fora do período de eleições", assinalou o professor de História Gildeoni Monteiro.
Também existe a questão dos entrevistadores, prossegue o historiador. É possível que Nunes e sua equipe de trabalho, reflete Monteiro, tenham tido o entendimento de que fariam perguntas sobremodo incisivas, deixando-o em situação embaraçosa. "Jaime Nunes ainda não possui traquejo político suficiente para encarar entrevistadores experientes como Silvio Sousa, Seles Nafes e Humberto Moreira, e pelo que parece, nem raciocínio muito rápido para contrapor perguntas ardilosas e cheias de sofismos", supõe ele.
Na opinião do historiador, o aspirante ao governo cometeu grave falha ao menosprezar o programa da rádio 104,3 escudado atrás de uma justificativa mais do que furada. "Ele não só desrespeitou o trabalho dos profissionais de imprensa, como ignorou os anseios e as aspirações do povo amapaense", avaliou.
Um candidato ao governo do Amapá com essas deficiências? "Este não é momento para fomentar candidaturas como a de Jaime Nunes", alerta Gildeoni Monteiro. "O Amapá precisa de um governador com experiência em gestão pública, e com plano de governo sólido."