ônibus velhos, fabricados em 2011, deve chegar na cidade, nos próximos dias, a empresa, ironicamente, batizada pelo Prefeito Furlan de Nova Macapá

Por Redação 

A Prefeitura Municipal de Macapá anunciou mais uma vez a chegada de 40 novos ônibus, dessa vez, vindos de Manaus para atuar no Sistema de Transporte de Macapá, e que serão entregues como presente pelo Prefeito no aniversário da cidade.

O que causou espanto é que esta empresa se trata de uma contratação direta, sem um processo licitatório, calçada por um chamamento público feito para atender os interesses do atual gestor municipal. E para piorar a situação, os ônibus que estão vindo para Macapá, assim como os últimos anunciados pela presidente da cttmac, Patrícia Almeida, há mais de 150 dias atrás, tem suas datas de fabricação no ano de 2011, portanto, com validade vencida para circular.

Esses mesmos veículos foram desativados do sistema urbano de Manaus, justamente porque não mais atendiam os padrões de qualidade e de segurança.

Os ônibus oriundos de Manaus receberam apenas uma pintura externa na frota, chamada pelos empresários de “embatonzada “, para enganar os usuários do transporte coletivo de Macapá. Tendo sido reinventada a fórmula de Benjamim Button (que ao invés de envelhecer, vai ficando mais jovem a cada ano que passa), ônibus cuja validade dos veículos é de 2011, querem fazer passar por ônibus 2024.

O enredo não poderia ficar pior, mas ficou! Pois uma rápida pesquisa feita na internet, encontramos o verdadeiro dono da frota e proprietário do GRUPO VEGA, o empresário Francisco Feitosa, conhecido como Chiquinho Feitosa, que por sua vez tem ligação familiar com Jacob Barata Filho (o rei do ônibus) do estado do Rio de Janeiro.

Jacob Barata e sua Família são grandes conhecidos dos noticiários local e nacional quando o assunto é escandalo de corrupção no sistema de transporte do Rio. 

O último foi a operação Ponto Final da Policia Federal, que levou não só o rei do ônibus para a cadeia , mas também o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, acusado de ter recebido propinas vultosas para facilitar a permanência da família Barata no sistema de transporte e ajudar a mantê-los nesses mais de 50 anos com monopólio dos ônibus no estado. 

A filha de Jacob Barata Filho, Beatriz Barata, casada com o filho de Francisco Feitosa, o também empresário de ônibus, Francisco Feitosa Filho. Por onde essas duas famílias unidas passam, sempre costuma vir uma operação da PF junto, tamanho histórico de pagamentos de propina para que gestores facilitem sua entrada nos sistemas de transporte do Brasil. 

Não custa relembrar que em setembro do ano passado, o Prefeito Furlan anunciava a chegada de 40 novos ônibus da empresa DECICLO, com a promessa de que esta seria a solução dos problemas. Contudo, dos 40 ônibus novos prometidos, chegaram apenas 6, fabricados, também, em 2011, que sequer rodaram em Macapá, devido a idade dos ônibus e as diversas denúncias de favorecimento, que desembarcaram no Ministério Público Estadual, Furlan e sua equipe resolveram recuar. 

A Deciclo, essencialmente, era uma empresa de reciclagem de lixo que foi adaptada para oferecer o serviço de transporte coletivo e ainda tinha como seu endereço em Macapá a residência do pai de um servidor da própria cttmac. Todas essas denúncias foram feitas ao MPE que continua investigando.

O caos no transporte público em Macapá, ao que tudo indica, foi proposital. Furlan primeiro lança dois processos licitatórios, altamente rigorosos, e com vários vícios internos. O primeiro foi invalidado pelo TCE e o segundo, considerado pela gestão de Furlan, fracassado, mas não por uma das empresas participantes, que recorreu à justiça e obteve duas decisões favoráveis.

Porém, o ponto é que, nos dois processos licitatórios, a prefeitura de Furlan foi extremamente rigorosa com os requisitos para quem quisesse participar do certame, baixando o tempo de vida útil dos ônibus pra oito anos, pedindo certidão de capacidade técnica e vida contábil em dias das empresas, o que fez com que, apenas as empresas daqui se habilitassem, e que depois por eles fossem desclassificadas. E agora, com a tal necessidade emergencial de se colocar ônibus em Macapá, uma vez que historicamente nunca foi tão reduzida a frota, chegando a rodar com 33 ônibus, o prefeito Furlan autoriza a cttmac a flexibilizar o chamamento público, ou seja, tudo aquilo que ele julgava importante constar no processo licitatório, a cttemac retirou, como a certidão de capacidade técnica e o aumento de oito para quinze anos, o tempo de vida útil dos ônibus, o que justificaria contratar os latões de treze anos que estão vindo para Macapá.

Mais estranho fica, quando nos chega a informação que, supostamente, quem estaria tratando pessoalmente com os empresários das famílias Feitosa e Barata, a contratação desses ônibus vencidos para rodarem em Macapá, é o próprio irmão do Prefeito, secretário de governo, Neto Furlan.

Aquela velha estratégia de criar a dificuldade para vender a facilidade.

Nesse caso, criou-se um ambiente de caos total no transporte e falência do sistema para que a sociedade aceitasse qualquer "negócio" feito pelo Prefeito, que amenizasse a calamidade pública que ele mesmo gerou, e que agora deve ser alvo de mais uma investigação por parte do MPE e do MPF.

A ligação das familias Feitosa e Barata com a familia Furlan, ao que tudo indica, houve trocas de favores para facilitação da contratação de uma frota de ônibus com vida útil vencida e sem o devido processo licitatório.

0 convite para vir até Macapá foi feito pelo irmão do Prefeito, Neto Furlan, que esteve pessoalmente na sede do grupo VEGA da família Feitosa que fica em Fortaleza-CE.

A promessa feita no encontro, seria de pagar aos empresários "gordos" subsídios, em troca de uma sociedade, mas não uma sociedade com povo que precisa de ônibus, e sim com a família do Prefeito.

Com a palavra o MPE.