Raissa Furlan, vai representar todo atraso da política de José Sarney nessas eleições

Raissa Furlan, vai representar todo atraso da política  de José Sarney  nessas eleições
Raissa Furlan e seu padrinho político José Sarney

Por Richard Duarte 

Para obter as bênçãos do ex-senador José Sarney (MDB-MA), a candidatura ao Senado da primeira-dama de Macapá, Rayssa Furlan (MDB), viajou de Macapá para Brasília. A própria aspirante, ciceroneada por seu marido, o prefeito de Macapá Antônio Furlan (Cidadania), abriu o "beija-mão" aos pés do velho caudilho. 
Se a finalidade do casal Furlan foi dar visibilidade à estreante, em breve perceberá o equívoco cometido. Aliás, mais outro que deve compor a já extensa lista do Prefeitão. "Existiu um tempo em que candidato a um cargo político 'abençoado' por Sarney dificilmente perdia a eleição. Ainda mais se fosse na terra dele, o Maranhão", relembrou o economista José Antônio Soares.


O especialista explica que em quase vinte anos de mandato pelo Amapá, Sarney sempre priorizou o Maranhão, sua terra natal e origem da sua carreira política. Ainda assim, prossegue ele, o estado tutelado pelo político de longa cabotagem nunca saiu das derradeiras posições a cada novo resultado da apuração de indicadores sociais no Brasil. Sempre aparece no último lugar ou bem próximo do rabo da fila nos rankings que medem a qualidade de vida do povo maranhense.
Ainda assim, e apesar da idade avançada, Sarney segue destacado e atuante há mais de meio século. Pulou do governo do Maranhão para a presidência da República, galgando no caminho os cargos de deputado federal e senador. Tem um dos mais bem sucedidos currículos políticos do país, que se estende à cultura, por sua condição de membro da Academia Brasileira de Letras – um imortal, portanto.
Por isso, fontes com entrada franquiada no principal gabinente do Palácio Laurindo Banha, sede da Prefeitura de Macapá, confindenciaram o desejo de Furlan em trocar o Cidadania pelo MDB, "com quem tem boa relação". E o MDB (leia-se Gilvam Borges, outro político assíduo frequentador do canil sarneysista) igualmente tem simpatia pelo Prefeitão. 
Pessoas próximas ao casal afirmam que a busca pelo endossamento da candidatura ao Senado da ex-secretária municipal de Mobilização e Participação Popular pelo babalorixá emedebista tem o propósito de lustrar uma iniciante, com pouca experiência no exercício de cargos públicos, e que certamente, numa hipotética eleição, desfalcará a bancada do Amapá na câmara alta.
Importante lembrar que, embora esteja empenhado em manter-se na ribalta, José Sarney não dispõe de tempo, tampouco da antiga força política, para lastrear qualquer candidatura.
Fazendo um retrospecto, em 2006 ele quase perdeu a eleição para a então desconhecida Cristina Almeida, do PSB. Foi o ano em que o então senador passou mais tempo no Amapá, quase um mês. Costumeiramente, ele só viajava para o seu domicílio eleitoral duas ou três vezes por ano. Em 2010, bateu o seu recorde de abstinência: só apareceu no dia da eleição para presidente. Chegou a Macapá de jatinho, às 7 horas da manhã e decolou para o Maranhão ao meio-dia.