Prefeito Furlan omite origem de dinheiro usado em obras recém-inauguradas
Por Richard Duarte
As principais promessas feitas pelo prefeito de Macapá, Antônio Furlan (Cidadania), durante a campanha eleitoral de 2020, ficaram mesmo só nas páginas do seu plano de governo. Mesmo tendo em suas mãos um orçamento de R$ 1,2 bilhão, o maior à disposição de um gestor, em um ano e seis meses de mandato o ex-deputado estadual tem inaugurado obras iniciadas ou concluídas com recursos deixados na conta da PMM por seu antecessor, Clécio Luís, pré-candidato ao governo pelo Solidariedade. Ou seja, continuam na esfera verbal, a exemplo dos 80 mil empregos que teoricamente seriam criados em dois anos de gestão. O compromisso permanece no campo da retórica política, e sem previsão para virar realidade.
Apoiador declarado do empresário e vice-governador Jaime Nunes (PSD), também pré-candidato ao governo, Furlan se comporta nas entrevistas à imprensa como único responsável pelos investimentos em saúde e educação na capital amapaense, omitindo, talvez propositalmente, que os recursos foram heranças deixadas por Clécio Luís para continuidade ou abertura de obras voltadas para a promoção do bem estar da população macapaense.
Para esclarecer a postura equivocada de Furlan, o ex-prefeito de Macapá gravou e divulgou vídeo onde faz um apanhado de suas duas gestões. "Quando fui prefeito, a saúde municipal foi tratada como prioridade absoluta e inegociável. Nós reformamos, reconstruímos ou construímos do zero quase todas as unidades de saúde da capital. E ainda deixamos projetos prontos, obras em andamento e dinheiro em caixa para pagar todas as unidades de saúde que foram inauguradas. Do dia que eu saí até agora", explica.
O prefeito de Macapá adota a estratégia de levantar uma agenda positiva sem esclarecer a população de que o dinheiro que está usando é resultado de emendas parlamentares que estão na Prefeitura desde 2019/2020. "Parte das inaugurações protagonizadas por ele envolvem obras iniciadas na gestão passada ou iniciadas com dinheiro público deixado pelo predecessor", adverte.
Em política, "assumir filho de outro pai" (tomar a obra de outro como sendo sua) parece manobra de oportunismo eleitoral. E esta é a situação vivida pelo prefeito Antônio Furlan, cuja dívida com o empresário Jaime Nunes passa pelo resultado das urnas nas eleições de 2020. Financiado pelo vice-governador, Furlan precisa quitar a fatura apoiando a pré-campanha dele ao governo do Amapá.
Para o empresário Josiel Alcolumbre, eleger-se sustentado em falácias deveria ser tipificado como crime grave. "Naquela eleição, obtive 80 mil votos, um número considerável. Porém, tenho certeza de que não fui eleito porque não enganei a população, prometendo o improvável, como no caso dos 80 mil empregos", afirma.
Para o professor Alan Batista, deveria, sim, se tornar crime promessa de campanha não cumprida. "Como podemos verificar ao longo dos anos, os políticos prometem "mundos e fundos" à população, que na maioria das vezes encanta-se com tais promessas e acabam votando nesses políticos que prometem e não cumprem. Uma promessa de campanha pode conquistar votos necessários para tornar eleito aquele que prometeu. Mas, o que se vê no decorrer do mandato é que na maioria das vezes essas promessas não são cumpridas e o povo é quem 'paga o pato'.'"