O Amapá poderá ter mais um Ministro no Governo Lula?
Por Josué Dantas Filho
Essa indagação começou a ser feita logo após os
mais atentos, não deixarem passar desapercebido alguns sinais interessantes de proximidade entre o presidente Lula e o senador Randolfe Rodrigues durante visita que o mandatário fez ao Amapá dias atrás.
O grau de cordialidade se verificou nas imagens postadas dentro do avião, na escada da aeronave durante o desembarque e principalmente depois na solenidade de entrega das moradias do Minha Casa Minha Vida na capital Macapá.
Ambos demonstraram publicamente uma afinidade que poucas vezes se vê entre políticos, fato que envolveu também rasgados elogios ao senador Davi Alcolumbre.
Na fala enfática de Randolfe, a emoção foi tão grande que, a certa altura, lhe faltou a voz e fôlego. Sem problema, lá estava Lula, gentil, com um providencial copo d'água, que serviu ao seu líder de governo no Congresso Nacional. Emocionado e surpreso com gesto, o eloquente orador tascou-lhe carinhoso beijo na testa.
Em outro dado momento, disse o senador: "meu partido é o partido de Lula", indicando sua futura filiação ao PT.
Para completar essa sucessão de gestos camaradas, Lula, em seu pronunciamento, afirmou que, ao chegar a Macapá, ganhou de presente um álbum fotográfico de antigas lembranças das viagens feitas ao estado.
Quem fez a entrega do mimo foi justamente o pai de Randolfe, e lá, nas lembranças em preto e branco, estava um menino nas fotos que não parava de falar, relembrou Lula.
Para surpresa do presidente, aquele moleque intrépido era justamente seu atual líder e companheiro de campanha vitoriosa em 2022. Coincidências?
Não. Na política todo gesto é pensado.
Todo discurso e atitudes trazem recados e levam a determinadas ilações, especulação ou certezas.
Passados
alguns dias desses acontecimentos, feitas sondagens informais junto a figuras próximas ao centro de decisões do Palácio do Planalto, detectou-se que o partido dos Trabalhadores, agora, com a saída do ministro da justiça, filiado ao PSB, para o STF, não deixará escapar a chance de comandar o estratégico setor da justiça na administração federal, que noutros governos passados, sempre esteve em mãos seguras de companheiros petistas, como Tarso Genro ou José Eduardo Cardoso.
Se olharmos no horizonte de supostos futuros escolhidos, não se acha ninguém com expressão suficiente para manter ou superar o fenômeno Flávio Dino. Até hoje.
Se Randolfe confirmar a filiação, o jogo muda.
Nesse entendimento, aparece a possibilidade real do senador amapaense, que foi deixado de fora na primeira leva de ministros do atual governo, agora ter a oportunidade de integrar o primeiro escalão do executivo federal, ainda mais porque nesse tempo desempenhou reconhecida contribuição a governabilidade no primeiro ano da gestão Lula, como líder do presidente no Congresso Nacional. Os comentários dão conta que Randolfe Rodrigues iria para Esplanada dos Ministérios, justamente para ocupar a vaga deixada pelo recém-aprovado Ministro do Supremo Federal Flávio Dino.
Se isso acontecer, será uma glória para o pequeno grande estado do Amapá. Com menos de 1 milhão de habitantes, o estado mais preservado da Amazônia, passaria a ter duas vagas no time principal da administração federal, além da possível, quase certa, volta do senador Davi Alcolumbre para presidência do Senado em 2024. Para alguns interlocutores ouvidos, o fato da formação de Randolfe,professor de história, não ser propriamente na área jurídica, não seria impedimento para a sua nomeação. No passado, já se teve economista como ministro da saúde(José Serra) e outros casos de titulares com formação sem relação direta com o cargo ocupado. Para ser ministro, exige-se uma só qualidade indispensável: usufruir da confiança do chefe e ter competência para articular com uma equipe técnica ministerial adequada, as políticas a ele determinadas.
Se essa indicação vai dar certo não se sabe, porém, os gestos de afinidade e bom relacionamento vistos do Presidente com os "moleques" do Amapá, (Randolfe e Davi), maneira como Lula se referiu aos dois durante visita ao estado, deixa antever, pelo menos, a manutenção ou maior participação dos quadros políticos do Amapá, no governo central, onde já está o ex governador Waldez Góes, ministro da Integração Regional, também muito elogiado pelo presidente, como o "melhor ministro da área em muitos anos".
No caso de Randolfe, tem mais um elemento que agrega a favor no seu currículo político pessoal numa eventual indicação.
Tem a simpatia e respeito de Janja Lula da Silva, sempre influente nas decisões do marido presidente.
Dia 8 de janeiro, data provável da nomeação está logo aí, fiquemos, portanto, de olho no movimento e gestos emblemáticos, que só a política tem. No mais, é torcer e esperar.
Em se tratando de política no Brasil tudo pode acontecer. Inclusive, nada.