Jaime Nunes vira alvo de chacotas ao aparecer em vídeo visitando o Hospital de Emergência

Por Richard Duarte

 

A recente visita ao Hospital de Emergência feita pelo empresário bolsonarista Jaime Nunes, usada na peça de campanha dele ao governo do Estado pelo PSD, vem sendo tratada com desdém pela população amapaense logo após ser veiculada nas emissoras de TV e redes sociais.
Dono de fazendas, prédios, terrenos nas áreas rural e urbana, empresa transportadora de caminhões e balsas, distribuidoras, supermercados, emissoras de rádio e TV, e principal controlador do maior conglomerado de lojas da região, Nunes exerce o cargo de vice-governador desde 2019 e nunca fora visto em hospitais públicos ou unidades de saúde, ainda mais demonstrando algum interesse pelo bem-estar dos pacientes aglomerados em corredores, sobre macas enferrujadas, ou sentados em cadeiras molambentas.
A presença do postulante nos corredores do HE chamou a atenção de servidores e populares. "Nunca imaginei que um dia fosse ver uma cena dessa, um ricaço perambulando por aqui, estendendo as mãos, acostumadas a só contar montanhas de dinheiro, para cumprimentar os pobres", ironiza uma servidora do HE, cuja identidade pediu para ser mantida em sigilo.
Mas não foi somente esta enfermeira a comentar, em tom de desprezo, a visita do milionário numa instituição onde, mesmo durante seus três anos e oito meses de mandato na vice-governadoria do Estado, nunca havia sido visto. Um paciente, que desde a madrugada aguardava por atendimento, foi abordado pelo governamentável interessado em saber "como ele estava se sentindo" naquele momento. Uma pergunta, no mínimo, controversa. O rapaz esboçou um sorriso amargurado, olhou para os lados, fitou os próprios pés, e respondeu estar aguardando "por exames".
A enxurrada de críticas zombeteiras colocaram em xeque a atitude de Jaime Nunes. A visita dele a um hospital público em período de campanha eleitoral é entendida pela população como oportunismo e mau-caratismo político. "Como vice-governador, Jaime não fez nada pelos servidores do HE, tampouco para melhorar o atendimento aos pacientes, em sua grande maioria, pessoas em situação de vulnerabilidade social", critica outra servidora.
O desabafo da funcionária do HE está fundamentado nas prerrogativas do cargo de vice-governador. Por exemplo, Nunes poderia ter implementado ações de apoio ao desenvolvimento econômico, político e social do Estado, que implica articulações e relações institucionais com todas as esferas de Governo. No entanto, preferiu manter-se à distância, resguardado no conforto de seu escritório climatizado, de onde comanda seus negócios milionários.
A aparição de Jaime Nunes nos corredores do HE de Macapá somente municiou os escarnecedores, expôs suas fragilidades políticas, e descortinou para os eleitores que, para ser bem-sucedido nas urnas, um candidato em desespero é capaz de entregar sua própria honra ao cutelo do carrasco.