Jaime Nunes e Rayssa Furlan utilizam instituto de fundo de quintal suspeito para forjar resultados favoráveis em pesquisa de intenção de voto

Jaime Nunes e Rayssa Furlan utilizam instituto de fundo de quintal suspeito para forjar resultados favoráveis em pesquisa de intenção de voto

Por Richard Duarte 

 

 

Duas semanas atrás, a Quaest, empresa de inteligência de dados, fez pesquisa no Amapá sobre as eleições de 2 de outubro próximo, para o Senado da República. A consulta apresentou Davi Alcolumbre com 43% das intenções de voto, seguido de Rayssa Furlan com 22% e João Capiberibe com 15%. Guaracy Junior tinha 4%, Sueli Pini 2%; 7% estavam indecisos e 6% votariam branco, nulo ou não pretendiam votar.
Na quinta-feira, 15 de setembro, novo levantamento foi divulgado no Estado, dessa vez produzido, conforme reportagens veiculadas em sites e portais, pela Destak Publicidade e Pesquisa. A empresa divulgou pesquisa estimulada para o Senado com o seguinte resultado: Davi Alcolumbre aparece com 32,9%; Rayssa Furlan com 29,6%, Não Sabem 25,7%, Capiberibe 4,6%, Brancos e Nulos 2,7%, Guaracy 1,5%, Sueli Pini 1,4%, Marinaldo de Souza 0,5%, Pastor Valdenor 0,4% e Gilberto Laurindo 0,3%.
Diante de resultados tão difusos, que só contribuem para confundir mais o eleitor, uma pergunta emerge no consciente popular: pesquisas eleitorais são confiáveis? Para Felipe Nunes, sócio-fundador da Quaest Pesquisa e Consultoria, se conduzidas com profissionalismo e metodologias corretas, podem ser confiáveis, sim. "Pesquisas têm por natureza a incerteza. Por isso, é sempre importante fazer as análises utilizando as margens de erro reportadas pelos institutos e lembrar que elas são sempre maiores nos subgrupos do que no grupo na totalidade”, assinala ele.
No entanto, o número de pesquisas eleitorais aumentou significativamente em 2022. Ao mesmo tempo, as sondagens viraram alvo de questionamentos judiciais. De 1.º de janeiro a 30 de agosto de 2022, o volume de processos em todo o País saltou 582% na comparação com o mesmo período de 2018, segundo levantamento feito em Tribunais Regionais Eleitorais e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Por conta dessas ações em espiral crescente, a Procuradoria Regional Eleitoral no Amapá, leia-se Ministério Público Eleitoral, redobrou a vigilância na atuação desses institutos de pesquisas de intenção de voto contratados para aferir a vontade do eleitor amapaense no primeiro turno destas eleições. A preocupação dos promotores eleitorais é de que candidatos mal-intencionados tentem forjar sondagens para influenciar os eleitores e induzir votos.
Aliás, este é o estratagema utilizado pelo candidato ao governo pelo PSD, empresário bolsonarista Jaime Nunes, e pela candidata ao Senado, Rayssa Furlan (MDB), para confundir os eleitores amapaenses. Ambos têm se notabilizado na contratação de institutos desconhecidos para medir a vontade do eleitor no Estado, e isso tem gerado muita desconfiança. Principalmente, quando as pesquisas são autofinanciadas.
Há suspeitas de que sejam produzidas sem qualidade. Ao informar que realizaram as pesquisas sem contratante externo, esses institutos não precisam revelar a origem do dinheiro. E aí está a origem de todas as cismas.
Por meio de sua assessoria, o procurador regional eleitoral do Amapá, Pablo Luz de Beltrand, falou que embora ainda que não exista proibição expressa na legislação eleitoral quanto à própria empresa patrocinar suas pesquisas, há a necessidade de ser justificada a procedência da disponibilidade financeira, sendo que a inexistência desta informação descumpre o previsto na resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que dispõe que devem ser informados, obrigatoriamente, o valor e a origem dos recursos gastos na realização da pesquisa.