Capiberibes, antigos defensores da ética na política amapaense se unem a bolsonarista Silvia Waiãpi na campanha de Furlan à reeleição
Por Redação
As declarações de apoio do presidente estadual do PSB Amapá, ex-senador João Alberto Capiberibe, e a deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP) para montagem de ampla aliança em apoio à reeleição do prefeito de Macapá, Antônio Furlan (MDB), ganhou dimensões apocalípticas no mundo político amapaense.
Deputada federal eleita em 2022, Waiãpi é bolsonarista juramentada, e já deu declarações para lá de polêmicas sobre homossexualismo e transfobia. Recentemente, teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) por pagar harmonização facial com dinheiro de campanha, segundo parecer da justiça eleitoral. Apesar da sentença, continua a exercer o cargo na Câmara dos Deputados até que a decisão do TRE seja confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Considerado por respeitados observadores da política amapaense como "um gesto desesperado de sobrevivência" do PSB "para tentar salvar o mandato da vereadora Janete Capiberibe", mulher do ex-senador e expoente do socialismo no estado, o arranjo insólito pode comprometer ainda mais a já combalida pré-campanha do emedebista Furlan à conquista de um segundo mandato na Prefeitura de Macapá.
Estrela do radicalismo direitista amapaense, Silvia Waiãpi ganhou notoriedade nacional com posições controvertidas sobre política indígena, o que resultou em sua exclusão sumária da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Povos Indígenas no Congresso Nacional. Reagiu com virulência, mas foi rechaçada pela então coordenadora-geral da frente na Câmara, deputada Célia Xakriabá (Psol-MG). Conforme Xakriabá, Sílvia ganhou visibilidade durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro como "defensora de garimpo e aliada fervorosa do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles".
Segundo levantamentos feitos pelo portal REGIÃO NORTE NOTÍCIAS junto a fontes próximas da deputada federal Silvia Waiãpi, ela vem acompanhando com bastante interesse a escalada política do Reagrupamento Nacional, o partido francês de Marine Le Pen, também observa, à distância, o avanço do partido Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), famoso por aglutinar lideranças neonazistas, e é fã dos Partidos Liberdade (Holanda) e do Interesse Flamengo Vlaams Belang (Bélgica), ambos reconhecidos propagadores de discursos de ódio em vários países europeus.
Conforme a reportagem apurou, a parlamentar acompanha pela mídia mundial o avanço de organizações da extrema-direita reunidas em sete federações de partidos de diferentes países que se encontram com base em afinidades ideológicas no Parlamento Europeu, que é o órgão legislativo da União Europeia. Uma delas é a ECR, abreviação em inglês para Conservadores e Reformistas Europeus, sob a liderança de Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália eleita pelo partido Irmãos da Itália (FdI), cuja origem remonta ao fascismo de Benito Mussolini. A outra é ainda mais extremista, denominada Identidade e Democracia (ID), que reúne os partidos xenófobos anti-islâmicos da França, Holanda, Bélgica e Alemanha.
Mas isso é de somenos importância para o socialista João Alberto Capiberibe, mais interessado em garantir para sua mulher um segundo mandato na Câmara de Vereadores, e para o emedebista Antônio Furlan, que reforça a expectativa de um segundo mandato como prefeito de Macapá contando com o apoio da extremista Silvia Waiãpi.