Alvo de operação da Polícia Federal, prefeito Antônio Furlan acusa sem provas senador da República e juiz eleitoral

Alvo de operação da Polícia Federal, prefeito Antônio Furlan acusa sem provas senador da República e juiz eleitoral

Por Richard Duarte 

 

A Operação e-Hailing, deflagrada pela Polícia Federal na manhã de sexta-feira, 29 de julho, abalou sobremodo as estruturas da gestão Antônio Furlan (Cidadania), principal cabo eleitoral do empresário bolsonarista Jaime Nunes, candidato ao governo pelo PSD. Agentes federais amanheceram na casa do prefeito de Macapá, com ordem judicial para fazer buscas e apreensão de equipamentos e documentos relacionados com a denúncia de compra de votos e transporte de eleitores, crimes supostamente cometidos nas eleições de 2020. Também estiveram no Palácio Laurindo Banha, sede do executivo municipal, com a mesma finalidade.
Visivelmente destemperado, Antônio Furlan concedeu entrevista coletiva para tentar explicar, sob seu ponto de vista, as razões da operação policial sobre os crimes eleitorais cometidos em 2020 envolvendo apoiadores de sua campanha na compra de votos e transporte ilegal de eleitores. Ele parecia emocionalmente abalado, em alguns momentos a voz saiu trêmula, com frases entrecortadas, deixando transparecer esforço tremendo para conter uma explosão de fúria.
Começou alegando que a diligência federal teve motivações políticas. "Estou sendo alvo de perseguição implacável", bradou. E responsabilizou diretamente o senador Davi Alcolumbre (União Brasil), atribuindo ao congressista o endosso da operação policial com intenção de comprometê-lo e desmoralizá-lo.
A acusação ecoou no escritório político de Davi Alcolumbre. O senador externou sua indignação por meio de nota. "Ao contrário do que diz o prefeito, ninguém manda no Ministério Público, na  Polícia Federal e na Justiça Federal", esclareceu, acrescentando adiante que o prefeito da capital amapaense "precisa ter serenidade para lidar com as investigações, e, como todo cidadão, que não está acima do bem e do mal, dar suas explicações."
Em outro trecho da conversa com os jornalistas, Antônio Furlan acusou o juiz eleitoral Orlando Souto Vasconcelos de cobrar propina para impedir o avanço da ação processual em trâmite no Tribunal Regional Eleitoral do Amapá referente às denúncias do cometimento dos crimes eleitorais. A assessoria do TRE-AP anunciou entrevista à Imprensa no fim da tarde de sexta-feira para esclarecimento das graves acusações feitas pelo prefeito de Macapá.
Ao narrar os acontecimentos que antecederam a batida policial em sua casa, Furlan se deteve em minudências domésticas, numa clara tentativa de vitimização. Disse que corriqueiramente acorda às cinco da manhã, "para praticar exercícios", e que ao ouvir batidas em sua porta acorreu para atender. Falou que ficou "surpreso" com os policiais federais parados à sua frente.
Especialistas em linguagem corporal consultados pela redação do NOTÍCIAS DA REGIÃO NORTE identificaram sinais de contradição na fala do prefeito. Conforme conclusões sobre os gestuais de Furlan durante o encontro com a mídia, ele estaria tentando confundir a opinião pública, passando a mensagem de que desconhecia os motivos da "inusitada ação".
Fontes consultadas pelo site confirmaram que Antônio Furlan sabia, sim, que estava arrolado em um processo por crime eleitoral em andamento no TRE. Portanto, assinalaram, tinha conhecimento antecipado de que agentes federais estavam preparando a Operação e-Hailing.
A reportagem do NOTÍCIAS DA REGIÃO NORTE tentou entrar em contato com a assessoria do prefeito Furlan. No entanto, até o fechamento desta edição não obteve retorno das ligações feitas para a Prefeitura de Macapá.
Já a assessoria de Davi Alcolumbre informou à redação que Antônio Furlan será interpelado judicialmente para apresentar provas do suposto envolvimento do senador em hipotética trama política para incriminá-lo em delitos eleitorais. Como assinalou Alcolumbre, Ministério Público, Polícia e Justiça Federal não agem por influência de ninguém. São autônomos em suas ações. "O prefeito Furlan não pode se defender acusando injustamente os outros – porque também vai ter que provar na Justiça os ataques inverídicos que fez durante seu pronunciamento", declarou Alcolumbre, acentuando o propósito de prosseguir "trabalhando pelo povo do Amapá" independente de acusações infundadas.