Empresário diz na Justiça que pagou propina para secretário municipal de Obras do Prefeito Furlan
Por Redação
"Paguei cinco por cento do valor da obra a pessoa acima dele [Cássio Cleidsen Rabelo Cruz, titular da Secretaria Municipal de Obra e Infraestrutura Urbana - SEMOB], que é o chefe dele lá [na Prefeitura de Macapá]". Estas são acusações gravíssimas formuladas pelo empresário Claudiano Monteiro de Oliveira, proprietário da C.M. de Oliveira & CIA Ltda, com escritório na rua Cândido Mendes, centro de Macapá, durante audiência online presidida pelo juiz Diego Araújo, da 1ª Vara Criminal de Macapá, na sexta-feira, 02 de agosto, por meio de videoconferência.
O "chefe" do secretário Cássio Cruz, "que está acima dele", a quem Oliveira se refere em depoimento, é o prefeito de Macapá, Antônio Furlan (MDB). O empresário afirma, sem nenhum tremor na voz, que o prefeito de Macapá estaria supostamente envolvido em um esquema de corrupção, e que Cássio Cruz seria seu braço-direito.
A denúncia bombástica foi o foco da ação judicial movida por Cássio contra o empresário por calúnia e difamação. No processo, o secretário afirma que o empresário o insultou nas redes sociais, principalmente no Facebook.
Exortado pelo magistrado, o empresário reforçou as denúncias. Em suas declarações, no decorrer da tomada de depoimento, Oliveira repetiu que pagou volumosa propina ao servidor da PMM para assegurar um contrato de prestação de serviço em urbanização, paisagismo e aterro hidráulico.
A questão, segundo Oliveira esclareceu ao juiz, é que mesmo com o contrato em vigência, por baixo dos panos Cássio Cruz formalizou o distrato e entregou a outra empresa, a Santa Rita Engenharia, de propriedade de Rodrigo Queiroz Moreira, o serviço que a C.M. de Oliveira & CIA Ltda vinha realizando no bairro de Santa Inês, na Orla de Macapá.
Claudiano Monteiro de Oliveira disse na sessão que a manobra para tirar dele direito de execução da obra teria ocorrido no gabinete de Cássio, na SEMOB, também mediante pagamento de propina.
Esta foi a mesma declaração que ele deu ao delegado Francisco Assis Pereira da Silva quando registrou boletim de ocorrência no Centro Integrado de Operações em Segurança Pública do Pacoval (CIOSP/Pacoval), por volta das duas da tarde de 29 de setembro de 2023. Na ocasião, fez acusação idêntica: "A Secretaria Municipal de Obra e Infraestrutura Urbana sob a gestão de Cássio Cruz está tomada pela corrupção''. Disse, ainda, que a Santa Rita Engenharia só teria conseguido o contrato para "serviços de reforma e manutenção de praças, canteiros e logradouros públicos" através de suborno.
Na sessão promovida pelo tribunal, Oliveira especificou os valores entregues ao secretário de Antônio Furlan e como esse pagamento foi realizado. Conforme explicou, o encontro se deu em sua casa, após Cássio Cruz ligar para o seu celular. Outro empresário também participou das tratativas. Durante a conversa, Oliveira teria entregue R$ 10 mil a Cássio, enquanto o outro transferiu R$ 30 mil. E "mais cinco por cento ao 'chefe do Cássio.'"