Prefeito Furlan faz acordo para trazer ônibus velhos de empresários envolvidos em esquema de corrupção

Prefeito Furlan faz acordo para trazer ônibus velhos de empresários envolvidos em esquema de corrupção

Por Redação 

 

O prefeito de Macapá, Antônio Furlan (Podemos), parece determinado a se juntar ao grupo exclusivo de gestores, supostamente envolvidos no obscuro mundo da improbidade político-administrativa, no exercício de cargos públicos. Recentemente, sua inclinação para essas práticas antiéticas ficou evidente ao anunciar a chegada de 40 novos ônibus de Manaus (AM) para operar no Sistema de Transportes de Macapá. A previsão é que esses ônibus sejam entregues como presente no aniversário da cidade, no dia 4 de fevereiro.

 

Segundo investigações realizadas pelo portal REGIÃO NORTE NOTÍCIAS, as negociações para aquisição desses veículos foram feitas por meio de contrato direto entre a Prefeitura de Macapá e o Grupo Vega, do empresário Francisco Feitosa, também conhecido como Chiquinho Feitosa.

 

Vale ressaltar que Feitosa tem laços familiares com Jacob Barata Filho, conhecido no Rio de Janeiro como o "rei dos ônibus".

 

Em novembro de 2020, um evento jurídico, significativo, se desenrolou quando Jacob Barata Filho foi julgado e condenado pelo juiz Marcelo Bretas, que presidia a 7ª Vara Criminal Federal. O veredito de Barata Filho foi nada menos que 28 anos e 8 meses de prisão.

 

As acusações contra ele resultaram da sua participação ativa numa rede corrupta, onde orquestrou pagamentos de subornos a políticos. Estas transações ilícitas visavam garantir vantagens injustificadas, tais como taxas tarifárias favoráveis ​​e outros benefícios ilegais.

 

Esta decisão foi consequência direta da Operação Ponto Final, um desdobramento da operação Lava Jato, coordenada pelo juiz Bretas na cidade do Rio de Janeiro. A ação também resultou na prisão do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que se viu confrontado com uma pena adicional de 19 anos e 9 meses de prisão.

 

O alegado envolvimento de Cabral na organização criminosa arquitetada por Barata Filho sublinhou ainda mais a audácia do esquema ilegítimo.

 

Em sua decisão, Bretas esclareceu a culpabilidade do réu, enfatizando que "o acusado é um empresário de destaque no setor de transportes, ostentando uma extensa carreira que se estende por décadas. Esta jornada o levou a ascender aos mais altos escalões de liderança, tanto dentro de suas próprias empresas quanto no influente sindicato das empresas de ônibus. É inegável que ele possuía uma consciência aguda da natureza ilícita de suas ações, não deixando espaço para ignorância ou ingenuidade".

 

Após três anos, Jacob Barata Filho volta à cena por meio do genro, Chiquinho Feitosa, um dos sócios majoritários na Empresa Vega Transportes, há nove anos estabelecida em Manaus. Foi à Feitosa que sectários escolhidos a dedo por Antônio Furlan, dentre os quais a presidente da Companhia de Transportes e Trânsito de Macapá (CTMAC), Patrícia Almeida, recorreram para entabular as negociações para cessão dos 40 ônibus anunciados como "novos" pelo gestor macapaense.

 

Acontece que, segundo o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana de Manaus (IMMU), a Vega Transportes tinha sido intimada a retirar de circulação esses veículos devido ao tempo de uso. Segundo levantamentos feitos pelo órgão público manauara, os ônibus anunciados como "novos" pelo prefeito de Macapá foram fabricados em 2011 e há pelo menos cinco anos tinham deixado de atender os padrões de qualidade e segurança mais elementares.

 

Para que pudesse fazer propaganda política em cima dessa necessidade premente da população, Antônio Furlan concordou que os veículos passassem por uma "maquiagem". Ou seja, o Prefeito acatou a sugestão de que recebessem somente uma pintura externa, chamada pelos empresários do setor de “embatonzamento", um neologismo que, na prática, significa esconder dos usuários as verdadeiras condições dos veículos.

  

Nesse caso, a manobra sub-reptícia perpetrada por ele, com clara intenção de enganar o usuário, coloca em risco a vida de milhares de cidadãos macapaenses, já que os 40 ônibus estão com "validade vencida para circular" na capital do Estado do Amapá, conforme atestou o IMMU.